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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deverá citar em sua delação premiada pelo menos 50 políticos, entre eles deputados, senadores e ministros do governo, além do presidente Michel Temer, segundo reportagem do jornal O Globo. São figurões da política nacional com quem Cunha manteve estreitas relações, especialmente durante a campanha que o levou a presidência da Câmara dos Deputados em 2015.

Entre os nomes que devem constar na lista de Cunha estão os ministros Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, além do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Também irão aparecer na delação os ex-ministros da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e do Turismo, Henrique Eduardo Alves – estes últimos já estão presos.

Fora do núcleo central do governo, as acusações do ex-deputado deverão atingir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e deputados que, hoje, cerram fileiras para barrar a denúncia contra Temer na Câmara.

De acordo com pessoa familiarizada com as negociações, Cunha poderá falar da atuação parlamentar de Maia em benefício de setores empresariais e de recursos não contabilizados que ele teria recebido para campanhas eleitorais. As informações não teriam, no entanto, potencial de ser a “bala de prata” para inviabilizar uma eventual candidatura de Maia à Presidência da República.

O atual presidente da Câmara admitiu a colegas que já esperava ser citado por Cunha, mas “por vingança” do ex-parlamentar, já que Maia presidiu a sessão em que ele foi cassado. O peemedebista não poderia ter nenhuma grande revelação a fazer já que os dois nunca foram do mesmo grupo político e até militavam em campos adversários no Rio de Janeiro.

Roteiro com 100 anexos

As acusações mais pesadas do ex-deputado recairiam, no entanto, sobre Temer e Moreira Franco, de acordo com O Globo. Cunha contratou novo advogado e iniciou tratativas para delação após saber que o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, acusado de atuar como seu operador, já negociava uma colaboração premiada com o Ministério Público federal.

Nos bastidores da Operação Lava Jato, relatos dão conta de que o ex-presidente da Câmara sabia que seria implicado se Funaro falasse tudo o que sabia e temeu ficar sem ter o que contar em uma eventual negociação com o MPF. Por isso, resolveu se antecipar.

Cunha já teria entregue um roteiro do que pretende contar aos procuradores com mais de 100 anexos e os depoimentos devem começar em breve. O acordo ainda não foi fechado e depende de posterior homologação da Justiça, certamente do Supremo Tribunal Federal, já que envolverá pessoas com prerrogativa de foro.

Contribuiu também para o encaminhamento da colaboração premiada a delação do empresário Joesley Batista e de outros executivos da JBS. Em conversa gravada com Temer no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março deste ano, Joesley disse que fazia pagamentos regulares ao ex-deputado e a Funaro para mantê-los em silêncio. Depois de ouvir o relato do empresário, o presidente respondeu: “tem que manter isso, viu?”.

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