Reviews The Flash 1×16: Rogue Time

The Flash 1×16: Rogue Time

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Alterar ou não alterar o futuro, eis a questão.

Se você tivesse a oportunidade de dar uma espiada no seu futuro, quantos fatos alteraria? Alteraria algum? Dificilmente a resposta seria negativa. E todos nós acabaríamos nos deparando de forma parecida, mas não tão trágica, com as escolhas e consequências da primeira viagem no tempo de Barry Allen. Mas se sobrou ousadia no episódio anterior, neste faltou um pouco de coragem e muitas porções de bom senso. Apesar de ter ficado satisfeito, ou um pouco mais do que simplesmente entretido, o que eu queria era uma dose de psicose por relâmpago para poder dizer aos redatores tudo aquilo que eles precisam parar de fazer, urgente.

Gostei bastante da atitude do Barry frente a possibilidade de salvar seus amigos e evitar o tsunami. É essencial entender que esta personalidade é a mais próxima do Flash em Flashpoint Paradox, animação em que o corredor escarlate volta no tempo e impede o assassinato de sua mãe. Lá, ele acaba mudando o futuro de vários outros personagens, ao melhor estilo efeito borboleta. E é a única forma crível que série poderá encontrar para justificar sua viagem no tempo, a longo prazo. Para que Barry despreze todos os riscos em se salvar alguém que ele ama, é necessário que ele obtenha sucesso em alguns pontos e se mostre totalmente crente de que apesar dos avisos, os erros foram corrigidos.

Queria saber por qual o motivo, razão e circunstância a série continua fazendo do Wells um bom personagem, alguém facilmente identificável e nem de perto, o vilão que consigo detestar? Levanta várias outras perguntas, na verdade. Aparentemente o futuro não está definido, como vimos no episódio em que Barry perde os poderes e o jornal do Wells mostra um outro rumo para a ‘Crise’. Mas até que ponto poderemos esperar que as coisas aconteçam como elas supostamente devem acontecer? Poderá existir The Flash sem Harrison Wells? Eu acho muito difícil, principalmente pelo peso que Tom Cavanagh tem no elenco. O ator é simplesmente fenomenal, nós sabemos que ele é o Reverso e mesmo assim é bem fácil gostar dele. Porém, também é super simples transformar alguém em um bandido instantâneo, é só ver o que Agents of S.H.I.E.L.D. fez ao revelar a presença da Hydra e diversos traidores. Apesar que, no caso da série da Marvel, o personagem e o ator em questão não eram lá adorados. Diferente de Cavanagh, que é simplesmente perfeito no papel, tanto de vilão, quanto de mentor.

Outro ponto válido é se conformar que o Reverso é parte fixa do cânone do Barry. Um tipo de vilão que não pode matar o Flash, pois entende completamente todos os riscos e consequências envolvidos ao se brincar com fatos definidos. Ele quer repetir tudo e voltar para seu próprio tempo. Porém, até onde Wells está disposto a ir, só os próximos episódios dirão, mas conhecendo bem o universo da série, eu acho que dificilmente o vilão conseguirá o que quer. A não ser que a próxima temporada comece em uma realidade alternativa, uma em que até mesmo uma tal Canário Negro morta, em Arrow, possa voltar a vida e integrar o tão temido spin-off. Conseguem entender as ramificações que competem a presença de um vilão tão marcante? Por esse motivo sempre fico com dúvida a respeito da vitalidade do personagem. Por quanto tempo a série conseguirá manter o Reverso/Wells sem perder a força? É bem complicado, mas por sorte ainda estamos na primeira temporada, e ao contrário de muitos, quero ter o cara no traje amarelo presente por um pouco mais de tempo. Afinal, até quando The Flash conseguirá sobreviver sem o Reverso/Wells? Difícil.

Viagens no tempo são sempre arriscadas, todo mundo entende bem como funcionam (Alô Marty McFly), mas sempre tem alguém tentando alterar a história, mudar alguma coisa. A forma mais sutil que o episódio abordou as mudanças implicadas pela interferência do Barry foram boas. No lugar de Cisco morrer, foi-se o repórter avulso (que nunca serviu para nada mesmo), perecendo pelas mãos do Reverso da mesma forma que Cisco morreria, caso a linha do tempo não tivesse sido alterada. Mas cá entre nós, a passagem dos Rogues não foi lá essas coisas.

Eu gosto bastante dos atores que interpretam o Capitão Frio e o Onda Térmica, gostei da Patinadora Dourada, uma atriz extremamente competente, mas ficou um pouco falho e bem complicado de amarrar os acontecimentos futuros da série, especialmente agora que Snart sabe da identidade secreta do Barry. Tudo com aquela velha desculpa “meu link vai revelar sua identidade”. Ok, então é só seguir o bandido, esperar ele desativar o link e o prender. Não é? Ou pedir ajuda a uma tal Felicity, que conseguiria conter a informação rapidamente. Afinal, não tem como comparar uma formada no MIT, com um bandido que se alia (propositalmente) a um maníaco com uma arma de fogo, certo? E também achei a interpretação do Capitão beeeeeem forçada e estranha nesse episódio.

São essas saídas que tentam se explicar através da falta de coesão que me incomodam em The Flash. A série está sempre nos forçando a aceitar algumas resoluções bem aquém do esperado. Onde está a coragem? Entendo que os conflitos gerados no episódio passado precisassem de uma borracha, afinal, Barry se revelando para a Iris é coisa de season finale (de qual temporada? Só Deus sabe), ou a morte do Cisco, que foi mais por choque do que por utilidade. Mas precisavam riscar todas as ações precipitadas do Barry, no presente, com uma explicação chula de psicose por relâmpago? Isso demonstra que os redatores só tiveram coragem de verdade quando eles tinham a opção de apagar tudo. A partir do momento em que as escolhas e consequências se tornaram, ou tornariam reais, eles tremeram as pernas e nos enfiaram uma doença inventada. Iris e Eddie são tão burros assim? Nós não somos.

Mesmo que alguns detalhes interrompam a minha imersão e me puxem de volta para o mundo real, onde fica praticamente impossível desprezar tais atitudes, The Flash permanece forte. A série sabe se alimentar do feixe de luz que emana da mitologia do Corredor nos quadrinhos. Melhor ainda, ela consegue abrir as portas para uma gama de possibilidades, que convenhamos, nos dá mais vontade ainda de acompanhar as aventuras deste herói tão marcante para a DC Comics. Eu sei que para muitos esses erros não são tão facilmente superáveis, mas precisamos compreender, esses vícios dificilmente serão sanados. Se você consegue fechar os olhos, a experiência é sempre excepcional.

Easter eggs e outras informações

– Cisco não morreu porque foi para o aniversário do irmão, o que deu a Snart a opção de sequestrar o menino prodígio para usá-lo como método de chantagem.

– Família Santini parecer ter alguma relação com a mesma família dos números do Batman, pós crise.

– Barry tentando viajar no tempo usando a esteira cósmica. Nos quadrinhos e nas animações é assim que ele faz para romper as barreiras do espaço-tempo.

– Sim, a irmã do Snart representa a Patinadora Dourada, saída dos quadrinhos. Na nona arte ela é loira, por isso o uso da peruca no bar. E, bom, tem também o lance com a arma que “solta ouro”.

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